quinta-feira, 17 de março de 2016

Pureza Doutrinária no Espiritismo - Um Alerta


Entendo por pureza doutrinária o fato de praticarmos somente o que aprendemos na doutrina espírita. Muito importante, se somos espíritas, seguir aquilo que abraçamos. Isso não implica em alimentar preconceito e atitudes insensatas. Vejamos um exemplo. Toca o telefone da Sra. Aparecida, palestrante espírita. Eis o diálogo que se estabelece:

-Alô...
-Bom dia... Gostaria de falar com a Sra. Aparecida.
-Sou eu mesma. Do que se trata?
-Que bom tê-la encontrado, Sra. Aparecida! Será que a senhora tem um dia disponível para fazer uma palestra no Centro do qual sou participante? Gostaríamos que a senhora discorresse sobre um capítulo do Livro dos Espíritos.
-Depende, minha filha, depende... qual é o Centro?
-Trata-se do Centro de Umbanda Pai Jacó.
-Filha, sinto muito, eu só falo em Centros Espíritas seguidores dos ensinos de Allan Kardec. Centro de Umbanda não é minha praia.
-Bem, então... mesmo assim, muito obrigada pela atenção.

O diálogo termina por aí. Aparecida é ferrenha defensora da pureza doutrinária dentro do Espiritismo. E pensar que a presidente do Centro de Umbanda Pai Jacó estava tentando estimular os frequentadores do Centro a se entrosarem com o Livro dos Espíritos... Que chance maravilhosa Aparecida perdeu!

Em Espiritismo, a expressão pureza doutrinária, vem tomando vulto de forma a provocar preconceito e falta de solidariedade. Mentes vêm se cristalizando e sem que percebam estão a fugir dos intentos de Allan Kardec. Posições exclusivistas prejudicam os objetivos mais puros do Espiritismo, representados pelo amor sem precedentes aos que são e aos que não são espíritas, compreendendo-os e ajudando-os.

Num livro psicografado por mim, Reforma Íntima, (http://mnilceialivros.blogspot.com.br/2015/09/reforma-intima.html) cujo autor é o espírito Dr. Flávio Pinheiro, ele narra que no plano espiritual levou um grupo de jovens a assistir uma missa, estimulando-os a viver a fraternidade em relação a outros credos. A recordação deste fato relatado no livro me fez lembrar de outro, vivido aqui no Plano Físico mesmo, o qual narro prazerosamente: um simpático padre da cidade em que moro, há vários anos, resolveu procurar integrantes das várias religiões. Como espírita que sou, fui solicitada a recebê-lo em minha residência juntamente com a equipe de evangelizadoras da paróquia. Foi um encontro bastante positivo. Trocamos ideias e explicações. Fico hoje a questionar-me: será que os católicos estão evoluindo mais rapidamente que os espíritas? Devemos refletir sobre posicionamentos antagônicos e radicais que vêm sendo adotados por alguns espíritas. Não é isso que Kardec deseja, não é isso que ele ensinou.

No livro Os Dragões, de Maria Modesto Cravo, tendo como médium Wanderley Oliveira, página 122, lemos palavras que devem ser por nós assimiladas: “Os próprios espíritas se agredirão para defender uma linha filosófica de pensamentos. Tomarão o texto de Kardec como uma nova bíblia, como se ali a doutrina estivesse pronta e acabada, quando o próprio codificador deixou seus apontamentos como o marco inicial de uma interminável investigação em assuntos da alma.”

Urge analisar e colocar amor e caridade nos corações. Boas palavras cabem em qualquer lugar, numa tribuna espírita ou fora dela.
E aqui vai o vermelho para o fanatismo e para o preconceito.

Maria Nilceia