sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Dois Tipos de Caridade: A Fácil e A Difícil


Um exímio pianista tocava para grandes plateias de uma grande cidade. Apresentações ele fazia gratuitamente, visando ajudar instituições locais.
Certa vez, o presidente de um lar de crianças abandonadas, de uma pequena cidade interiorana, vendo a instituição passar por enormes dificuldades, teve a ideia de lhe pedir para tocar gratuitamente a fim de tirar o lar da crise. A renda com a venda dos ingressos seria revertida para ajudar a instituição.
A resposta do pianista foi que pensaria no pedido e retornaria a resposta. Escoados alguns dias ele retornou dizendo que não poderia atender ao pedido.
Esse fato retrata bem a realidade das pessoas em relação à caridade. Quando o ser humano está acostumado a suas atividades voluntárias, com hora e local marcado, ele as faz de boa vontade. Essa é a caridade fácil. Quando, todavia, é-lhe exigido sair da rotina, aí ele é inclinado a se omitir, pois lhe requer um sacrifício a mais.
A visão humana é ainda precária; não atina com a importância de estender a mão nos casos difíceis. Um sacrifício a mais lhe pesa, ainda que seja para reverter em precioso benefício para muita gente.
É uma pena que o eco não se forma quando é tão necessária uma ação.
Daí existir a caridade “fácil” e a “difícil”. Ficar com as duas será fazer luz onde o grito de socorro ecoa.

Maria Nilceia