Um
exímio pianista tocava para grandes plateias de uma grande cidade. Apresentações ele fazia
gratuitamente, visando ajudar instituições locais.
Certa
vez, o presidente de um lar de crianças abandonadas, de uma pequena cidade interiorana, vendo a instituição passar
por enormes dificuldades, teve a ideia de lhe pedir para tocar gratuitamente a
fim de tirar o lar da crise. A renda com a venda dos ingressos seria revertida
para ajudar a instituição.
A
resposta do pianista foi que pensaria no pedido e retornaria a resposta. Escoados
alguns dias ele retornou dizendo que não poderia atender ao pedido.
Esse
fato retrata bem a realidade das pessoas em relação à caridade. Quando o ser
humano está acostumado a suas atividades voluntárias, com hora e local marcado,
ele as faz de boa vontade. Essa é a caridade fácil. Quando, todavia, é-lhe
exigido sair da rotina, aí ele é inclinado a se omitir, pois lhe requer um
sacrifício a mais.
A
visão humana é ainda precária; não atina com a importância de estender a mão nos
casos difíceis. Um sacrifício a mais lhe pesa, ainda que seja para reverter em
precioso benefício para muita gente.
É
uma pena que o eco não se forma quando é tão necessária uma ação.
Daí
existir a caridade “fácil” e a “difícil”. Ficar com as duas será fazer luz onde
o grito de socorro ecoa.
Maria Nilceia